quarta-feira, 27 de abril de 2011

a deriva


De a alma comovida segue meu coração desacordado
Naquele barco abandonado ao intranquilo acaso...
E a nuvens doces, seguem juntas as margens esquecidas,
ao passo que as águas desenham agora um lago raso.

São uns gestos inocentes esses que desprendo...
Deito-me na solidão, deixo dizerem aquilo que nem sou, ou passei a ser?
Ouço sempre, já não mais me importa. Não intendo.

Posso levar qualquer problema, tudo aceito.
Mas, hoje no meu dia austero e triste,
Fiquei na companhia do meu pior defeito,
e sigo a navegar nesse barco que nem existe.

Tenho semelhança com coisas esquecidas,
e, já não me assusto em seguir viagem...
São assim minhas horas mal vividas,
pois, acostumei-me com a solidão da paisagem.

Pensei ter quem me guiaria nesse calmo tormento,
e junto a mim, enfrentaria o que sempre enfrento.
mas, num barco abandonado, vi que ninguém quer estar dentro.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

através



foi então que senti...
senti aquela estranha sensação,
sensação de ser engolida e levada
levada ao mais fundo que pude.

luz ali já desenhava linhas,
linhas no mais profundo de mim

e mesmo neste lugar haviam cores
cores de um tom escuro,
escuro como o que me rodeava aquele estranho momento,
momento que queria me esconder, me envolver.

fazia dele, meu ser
ser que permitiu através dele, estar em mim...

tomada por uma sensação que já não sabia nomear
nomear o que reprimia
reprimia a vontade de encher os pulmões e gritar
gritar tão alto que se tornava silêncio

desta forma podia ver, o quão fundo estava
mas ainda sim, estar...

me via,
via que novamente estava naquele local
local que de tão fundo me confortava
confortava por não permitir

assim lá não.
não ver com os olhos, não escutar com ouvidos e nem sentir com a pele...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

casa com janela que olhava para dentro

era feita com muito esmero
talvez na ruas dos bobos,
numero zero?

tive por lá
que fechar as janelas...
pois o vento, ventava.

eis que as portas
se dão o direi to de bater...
pois o vento, ventava.

de tanto
o vento, ventar...
janelas e portas fechar.

ficou sem teto,
ficou sem nada?
nem vento agora vai passar.

ninguém podia entrar nela não
porque na casa não tinha o chão
era feita para quem tem asa.



onde

já que metade ...
pode ser muita coisa,
metade pode ser
inteiro de quem é meio.

enxergar muito
não tem sentido.
ser cego faz...
enxergar mais.

ter pele
que não arrepia.
ter pele
para viver na carne.

fiz suco
só da polpa do vazio,
deixou o copo sujo....
que agora cheio de restos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

condolências em branco






meu velório, está vazio.




onde sempre não estou


estava ali
esperava...
a morte passar.

eis que
sinto...
o que não é.

não mata
mas me leva longe
diria que me arrasta, arrasta

sem me dar conta
habito agora
um mundo distante.

ficaria aqui
sem hora para voltar
sentindo apenas...

ali o alimento
sou eu
o que há de mais fundo.

assim...
se consome
e além disso, alimenta.

nua,
inerte,
ausente.



sábado, 5 de março de 2011

i n d o u v i n d o







Vou a ROMA
ao andar
navegar
chega-se lá.


ROMA vem a mim
ao almejar
desejar
chega-se aqui.

Logo
ROMA
quando vai
é viajem
quando vem
é sonho.

Ainda sim ROMA.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

ROMA


ventania
venta em mim
levanta tudo
até morto
ah levanta!

o morto
leva longe
e venta mais em mim
venta pingos
para da realidade lembrar

venta, venta...
seco toda gota que escorreu
venta para mexer
venta agora semente em chão úmido
venta o eufemismo

venta em vaso vazio
que faz canção
venta vento
venta cheiro
do jardim encantado
de alma fresca

venta em mim
venta o vento
ven to car
ah o ven to.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

só para quem sabe...






de novas
trocas...
de penas
pessoas
lugares.

de boas
idéias...
é o dia
ano
vida.

de vagar
se acostuma...
com a mudança
hábitos
saudades.